As discussões em torno das mudanças na Previdência oficial provocaram aumento no número de investidores que migraram seus planos de aposentadoria complementar privada em busca de ganho maior, segundo dados da Fenaprevi (federação que reúne entidades do setor).
A portabilidade, que é quando o cliente pede para transferir seus recursos de uma seguradora para outra, cresceu 7,5% no semestre em relação ao mesmo período do ano passado.
Em volume, o aumento nessa mesma comparação é mais expressivo: 42,8%, somando R$ 7 bilhões.
O número só não é maior, porque as seguradoras de grandes bancos têm feito um trabalho forte para impedir a saída dos clientes, por meio de contrapropostas. Ou seja, deixam você em um plano ruim, e na hora que você pede para sair, lhe apresentam um melhor. Muitas vezes isso é feito apresentando um plano mais agressivo que está com rentabilidade melhor que o conservador que o cliente estava.
OBSTÁCULOS
Pode haver obstáculos colocados no caminho de quem tenta transferir os recursos e que fazem com que a portabilidade lidere, neste ano, o ranking de reclamações da Susep, regulador de previdência e seguros.
Segundo a superintendência, foram 506 queixas sobre o tema, o que corresponde a 31,5% do total.
Um exemplo é quando a seguradora do plano a ser portado não envia o extrato completo, com CNPJ do fundo, número Susep, saldo total, etc. o que impede a portabilidade. Grandes bancos acabam tendo dois tipos de extratos, o que é valido para a portabilidade e o incompleto, dificultado que o cliente migre para um plano melhor fora da instituição.
Quando o cliente é impossibilitado a ter acesso ao seu extrato completo, pode registrar uma reclamação na Susep.
TENDÊNCIA
As operações de portabilidade registraram avanço tímido no ano passado, de apenas 0,6% na comparação com 2015. Mas a expectativa de queda de juros no país deve fazer com que os investidores reavaliem seus planos e a rentabilidade deles. Quando a Selic (taxa básica de juros) cai muito, como vem ocorrendo nas últimas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária), o investidor tende a arregaças as mangas e procurar planos melhores.
INDEPENDENTES
Esse movimento deve levar muitos clientes que compraram planos de previdência em bancos a procurar casas independentes, diz André Luís Nascimento, gerente da gestora Rio Bravo.
"Eles deixavam o dinheiro lá sem olhar. Estavam no fundo que o gerente indicou, agora estão se perguntando se esse fundo é o melhor, se não conseguem nada melhor com esse dinheiro", afirma Nascimento.
Em casas independentes, o cliente pode escolher entre mais de vinte fundos de previdência, inclusive de gestoras mundialmente reconhecidas como, JPMorgan ou Franklin Templeton. Já nos grandes bancos de varejo esse espectro é bem mais limitado — apesar disso, eles ainda detêm 92% do patrimônio líquido desse tipo de fundo.
Segundo Valter Police Jr. da Planejar (Associação de Planejadores Financeiros), o investidor precisa conhecer opções que existem fora do seu banco para poder tomar uma decisão consciente quanto ao destino de seus recursos.
"Se o cliente conversar com uma concessionária, o vendedor vai falar que aquele é o melhor carro do mundo. Mas, se ele for em outra, vai descobrir que existem opções melhores", diz.
Entenda: portabilidade
PRIMEIRO PASSO
O cliente precisa pedir para a instituição onde hoje tem seu plano de previdência um extrato que contenha o número do plano, CNPJ do fundo investido, saldo, entre outras informações.
SEGUNDO PASSO
A partir daí cabe à seguradora que vai receber o plano cuidar do trâmite. Isso leva cerca de 20 dias.
Fonte: ODERSON Investimentos, Folha de SP.
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